A Primeira Revolta da Chibata
A Revolta da Chibata foi um importante movimento social, contra às punições físicas submetidas aos marinheiros. As faltas graves eram punidas, com no máximo 25 chicotadas. Ela começou em 22 de novembro de 1910, na cidade do Rio de Janeiro. Ela começa quando o marinheiro Marcelino Rodrigues agride um de seus colegas e é penalizado com 250 chibatadas, na presença de outros marinheiros. E esse ato estimula a revolta. Vale lembrar que grande parte da tripulação era composta de homens negros e mesmo depois da Lei Áurea, grande parte dos negros ainda viviam como escravos.
Cansado das más condições de trabalho, João Cândido (conhecido entre a tripulação como Almirante Negro) lidera a rebelião, e organiza um motim no encouraçado Minas Gerais. Chagando na Baía de Guanabara, João Cândido se alia com a tripulação do encouraçado São Paulo, aponta seus canhões para a cidade e manda suas reivindicações ao presidente da época Hermes da Fonseca. Caso o pedido não fosse aceito oficialmente num prazo de 12 horas, os encouraçados Minas Gerais e São Paulo bombardeariam a cidade do Rio de Janeiro (até então capital do Brasil). O pedido pode ser lido abaixo:
"Ilmo. e Exmo. Sr. presidente da República Brasileira, Cumpre-nos, comunicar a V. Excia. como Chefe da Nação Brasileira:
Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira, a falta de proteção que a Pátria nos dá; e até então não nos chegou; rompemos o negro véu, que nos cobria aos olhos do patriótico e enganado povo. Achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a seu bordo prisioneiros todos os Oficiais, os quais, tem sido os causadores da Marinha Brasileira não ser grandiosa, porque durante vinte anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos fardados em defesa da Pátria, mandamos esta honrada mensagem para que V. Excia. faça os Marinheiros Brasileiros possuirmos os direitos sagrados que as leis da República nos facilita, acabando com a desordem e nos dando outros gozos que venham engrandecer a Marinha Brasileira; bem assim como: retirar os oficiais incompetentes e indignos de servir a Nação Brasileira. Reformar o Código Imoral e Vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo, e outros castigos semelhantes; aumentar o soldo pelos últimos planos do ilustre Senador José Carlos de Carvalho, educar os marinheiros que não tem competência para vestir a orgulhosa farda, mandar pôr em vigor a tabela de serviço diário, que a acompanha. Tem V. Excia. o prazo de 12 horas, para mandar-nos a resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria aniquilada. Bordo do Encouraçado São Paulo, em 22 de novembro de 1910.
Nota: Não poderá ser interrompida a ida e volta do mensageiro.
Marinheiros. Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1910."
A Segunda Revolta da Chibata
Por não ter um poder de fogo equivalente em terra, o presidente aceita as exigências, mas logo depois quando os marinheiros devolveram suas armas e embarcações, ele expulsa alguns revoltosos da marinha. Essa atitude leva a segunda revolta, desta vez na Ilha das Cobras. Mas rebelião fracassa e o governo ditatorial de Fonseca ordena a prisão de todos os participantes da revolta. Alguns prisioneiros foram prestar serviço forçado na Amazônia, outros ficaram encarcerados até a morte na Ilha das Cobras.
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